“Abraxas” é a segunda amostra do disco Vela, que chega em novembro
Escute aqui: https://tratore.ffm.to/
Foi o diretor artístico Cesar Lacerda quem sugeriu a Flavio Tris que convidasse Mônica Salmaso para cantar em Abraxas. “Me pareceu uma ideia justíssima na hora. Admiro-a imensamente.”, comenta Flavio, que até então nunca havia trabalhado com a artista paulista. O resultado deste encontro todos vão conhecer no próximo dia 04/11, quando a faixa chega às plataformas digitais com edição do selo Pequeno Imprevisto.
“Mesmo realizando tudo à distância, Mônica compreendeu o espírito da canção, trouxe consigo a intenção que ela demandava e criou contracantos e vocalizações fantásticas”, conta. Além de Mônica e Flavio, a faixa conta com os músicos Gui Augusto (percussão), Elisio Freitas (guitarra e baixo) e Joana Queiroz (clarone).
“Gui Augusto traz uma linha percussiva universalista e isso é magnífico. Ela encontra muito bem o timbre grave do violão em outra afinação. Juntos eles constituem o núcleo do arranjo. O baixo gera uma sustentação suave e a guitarra é, por outro lado, bem presente. Ambos executados com a maestria elegante do Elisio Freitas. Os clarones da Joana Queiroz trazem um tipo de textura que o arranjo não poderia deixar de ter. Joana faz sempre as melhores escolhas e nesse arranjo está sublime. A união desses elementos fez nascer uma sonoridade bem peculiar, um tanto indecifrável, e era isso mesmo que eu desejava”, celebra Flavio.
Abraxas é dessas composições que vão ganhando corpo por etapas. A faixa chegou a ter uma outra cara neste processo, como lembra Flavio. “A harmonia nasceu primeiro, construída em uma afinação incomum do violão, que eu conheci sendo utilizada por Nick Drake na canção From the Morning. A melodia nasceu logo depois e aos poucos fui construindo a letra da primeira parte, que culmina na ideia central de que “não vemos tudo, só vemos uma pequena parte”. Mas a parte B ficou com melodia incerta e sem letra durante mais de um ano, sem que eu conseguisse compreender o que a canção pedia ali. Cheguei a deixar a canção nas mãos do Ian Lasserre, cantor e compositor baiano, mas Ian a desconstruiu de tal jeito que acabou se tornando uma nova canção, então a retomei para mim e, apenas próximo à gravação das vozes do disco, criei melodia e letra que fecharam o sentido da música”, relembra.
O título da canção veio após a leitura do livro Demian, do escritor alemão Herman Hesse. “O nome “Abraxas” remete a uma entidade relatada no gnosticismo, porém chegou a mim por sua referência no livro. ‘Abraxas’ representa aquele que contém o divino e o demoníaco, aquele que conjuga dentro de si os opostos e dessa forma conquista a experiência integral. A letra da canção, é claro, passa longe de querer explicar o conceito ou apontar caminho para o que quer que seja, mas parece ressoar poeticamente as frequências que a entidade manifesta”.
A faixa é a segunda amostra de Vela, o novo disco Flavio Tris que chega ao mundo em 25 de novembro. O primeiro single, “Outras Manhãs Virão”, foi lançado no início de outubro.
Abraxas
(Flavio Tris)
Nem sempre se pode ver a si
Sempre bom lembrar
Lúcida expansão do interior
Pode não rolar
Edifício que vai do clarão
Ao fundo do temor
Íntegra visão do que compõe
Esse imenso amor
Não se vê tudo
Só se vê pouco
Pulso natural de cada ser
Dom do coração
De toda diástole a prever
Cada contenção
Hoje o homem cego segue a luz
Que nunca apagou
Íntima noção do que compõe
Esse imenso amor
Não se vê tudo
Só se vê pouco
Do fogo fez-se a flor
Do fogo fez-se o pó
Tu és um só da cabeça aos pés
Não se vê tudo
Só se vê pouco
– – –
Mônica Salmaso // part. especial
Elisio Freitas // guitarra e baixo
Flavio Tris // violão e voz
Gui Augusto // percussão
Joana Queiroz // clarone
Direção Artística // César Lacerda
Produção Musical // Elisio Freitas e Flavio Tris
Mixagem // Elisio Freitas
Masterização // Bruno Giorgi
Arranjo de sopros // Joana Queiroz
Projeto Gráfico // Luísa Rabello
A&R: Eduardo Lemos e Otávio Carvalho
Lançamento // Pequeno Imprevisto