Flavio Tris apresenta “Outras Manhãs Virão”

Música é o primeiro single do seu novo disco, “Vela”

 

Ouça: https://tratore.ffm.to/outrasmanhasvirao

Flavio Tris não sabe explicar o porquê, mas o seu terceiro disco, “Vela”, chega quatro anos depois do álbum anterior, mesmo período que separa “Sol Velho, Lua Nova” (2017) de “Flavio Tris” (2013), sua estreia em disco. “Um padrão inconsciente cujo sentido eu talvez venha a decifrar algum dia”, comenta o artista paulistano. A primeira amostra de “Vela” chega às plataformas digitais no dia 14 de outubro. Trata-se de Outras Manhãs Virão’, composição assinada por ele que, curiosamente, é a última faixa do álbum.

“Essa canção é bem ilustrativa do espírito do álbum, à medida que contém sua síntese poética e ideológica: o olhar pousado sobre a dualidade, a busca pela integração dos opostos. Sendo a faixa que encerra o disco, é como o fim da madrugada encontrando a alvorada, o aparente desfecho que volta a se conectar com o início de tudo, o círculo que se completa. É ao mesmo tempo o fim e o começo do discurso”, observa.

Ainda que haja quatro anos separando o novo trabalho do seu antecessor, Flavio enxerga uma conexão entre eles na busca por “alcançar a interferência mínima dos arranjos instrumentais sobre o núcleo das canções”. E é exatamente o que o ouvinte encontra em Outras Manhãs Virão. “Essa intenção atinge um dos seus pontos mais altos nesta música, a atenção está toda voltada à dimensão poética, de modo que percussão e sopros servem apenas para dar a mínima sustentação ao discurso. Essa cama sonora, por outro lado, não é irrelevante. A percussão faz atentar ao pulso constante da vida ao longo dos tempos, enquanto os sopros manifestam as cores e o brilho que dão sentido à existência concreta”.

A letra, segundo Flavio, nasceu como uma resposta “à tristeza gerada em mim pela ascensão do neo-fascismo no Brasil”. Mas já de início a intenção não foi refletir sobre o fato político em si, e sim explorar uma visão mais indireta, que acabou desaguando na reflexão sobre o ser no mundo, “pequeno e impermanente, fruto de um processo longuíssimo e quase totalmente incompreensível”. “É também um grito de esperança, mas é, antes disso, uma chamada à percepção de que as coisas são como são, não o são por acaso, e que assim como tantas outras que um dia foram, algum dia deixarão de ser. Perceber isso é, para mim, um grande passo para manter alguma alegria no coração e conservar a força e a altivez necessárias para a resistência”, finaliza.

“Outras Manhãs Virão” (Flavio Tris)

Gravado por Fabio Pinczowski no Estúdio Doze Dólares, por Fernando Rischbieter no YB Studio – São Paulo – e por Joana Queiroz em sua casa – Rio de Janeiro – entre outubro de 2020 e maio de 2021.

Concepção // Flavio Tris e Gui Augusto

Direção Artística // César Lacerda

Produção Musical // Elisio Freitas e Flavio Tris

Mixagem // Elisio Freitas

Masterização // Bruno Giorgi

Arranjo de sopros // Joana Queiroz

Projeto Gráfico // Luísa Rabello

Flavio Tris // violão e voz

Gui Augusto // percussão

Joana Queiroz // clarinete e clarone

A&R: Eduardo Lemos e Otávio Carvalho

Lançamento // Pequeno Imprevisto

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Projeto Gráfico : Luísa Rabelo

Letra

Foi no peito que se fez sentir

Uma vontade veio toda em mim

De um tempo longe que ainda não vivi

E de um tempo que ficou pra trás

Daquilo tudo que já fomos nós

Antes do pouso no planeta

Outras manhãs virão

Outras manhãs virão

Eu nasci foi um minuto atrás

Quem mais viveu foi uma estrela anã

Apaixonada pela luz do pai

E eu morri já tantas vezes, pai

De noite em noite fui chegando aqui

No rastro quente do cometa

Outras manhãs virão

Outras manhãs virão

Nos meus olhos vejo os meus avós

Na minha voz a voz de todos nós

O mesmo sangue pelas gerações

Na memória de outros corações

Eu vejo a lua como nunca vi

E choro um pouco de saudade

Outras manhãs virão

Outras manhãs virão

Outras manhãs virão

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